quarta-feira, 30 de abril de 2014

Saudade a Ti



    Apertam-se as saudades. Engolem-se as lágrimas que ficaram por derramar. Que se derretem num todo sofrimento interior. Sinto a simples vontade de chorar e de assim tudo poder aliviar. Sinto-me prisioneiro de um mundo que não me era devido, que não me conformo da forma como é vivido. Escarnece-me o coração e a alma do teu abandono causado. Quero voar. Quero navegar. Contigo e com todos! Quero te ver de novo, de novo e de novo! Quero te poder tocar vezes e vezes sem conta. Quero-te explicar tudo o que me pertence e contigo é meu dever partilhar. Quero que estejas aqui. Que te transponhas ao amor que tanto te tenho. Quero que todas as saudades escondidas no meu rosto, mas sempre presentes na mente, passem a ser a tua presença, a tua existência! Quero que te sentes no sofá acostumado a ti, onde agora não me é igual olhar. Perdeu-se a alegria que lá era sempre vivida. Agora reina o ar pensador nos corações de quem te ama. Habita o desespero de matar a morte! Sinto aquele sentimento puro que tu devias ali estar, e contigo ter sempre onde me abraçar. É desejo voltar àquele tempo que o vento levou, e que com o tempo passou.

    domingo, 20 de abril de 2014

    Recordações do Avô

        
        Meu querido avô,
        Amaina a folha da árvore, voa pelo vento, vai alto, sobe de veloz, sem deixar lembrete, sem avisar, fora embora, antecipara a hora, voa sem continuação, sem desprezo, sem aselo.
        Denoto na folha o sentido a ti, deixas-te todas e umas saudades empregues no rosto de quem sempre te amou. Fora este o pacto implícito que rompeste, e, sem te despedires foste embora.
        Sinto-me nostálgico, ao passado, entre nós, vivido. Lembro-me das festas que sempre partilhaste com alegria, com um sorriso no rosto. Lembro-me de jogares sueca no Natal. Lembro-me de jantar à mesa contigo e de fazeres cara torcida às minhas brincadeiras de criança, do meu não querer comer. Lembro-me dos pequenos folares que me davas nesta altura, e que guardara para agora sempre me recordar de ti. Lembro-me de dizeres sempre para os comer, mas patenteio neles agora um sentimento tal! Uma doce ternura, um bom carinho, resguardo a felicidade.
        Não te quis olhar, espero que não tomes isso como aquelas mágoas que por ti fico, apenas é meu querer guardar de ti as melhores faces, as melhores emotividades.
        Ainda é-me confusa a tua partida, para aquele lugar distante. Estarás lá num abandono circundante da família, dos teus entes. Espero que sempre me defendas daí. Que nunca penses mal das atitudes que faço. Espero que sempre me guies pelo melhor caminho. Que nunca abandones o meu coração. Que nunca me tirem as melhores lembranças que de ti tenho. Quero guardá-las, fechá-las, e, sempre, num pensamento ténue abri-las e lembrar-me.
        Queria-te agora poder abraçar, poder-te tocar, cumprimentar-te, por tantas vezes que fiz, e que agora, num outro olhar sinto saudades.
        Que neste dia de Ressurreição, em que tu sobes ao Céu como havia Jesus Cristo na sua altura, espero que não te seja doloroso deixar-nos. Espero que estejas bem, e onde quer que estejas, digo-te apenas que terei sempre um implícito pensamento assente em ti.
        Obrigado por toda a tua participação na minha vida. Obrigado por tudo o que me ofereceste, por tudo que nos presenteaste. Muito obrigado, avô!
        Um grande beijo, do teu sempre e eterno neto, André.

      terça-feira, 15 de abril de 2014

      A Criança Voadora

          

        Era habitado por todos o espaço azul. Todos tinham o direito de voar, o direito de comer, o direito de pousar. Todos excepto o miúdo, aquele que os via de baixo felizes nas ruas voadoras, via-os nas casas do cimo da árvore. A árvore, a árvore que o pequeno jovem tentara subir, fora andado de ramo a ramo. Divertia-se ele e todos as aves. Tornaram-se amigos. O Homem e a Liberdade. Andavam em vista de ambos em ambos. Subia-se cada vez mais a alta árvore. Que alta! Era a escada do esplêndido para o leve do azul. Era a sinfonia da Primavera plantada na erva, silvada nas flores, alimentada no Sol! Era e só era. Tudo parecia suave. Tudo parecia calmo. Parecia. De só de rápido se bastou. O pobre menino fora picado na mão por uma andorinha. Todos ficavam a ver, sem sequer se quererem aproximar da bela criança em aflição. Estaria quase a cair. Uns diziam para ela se agarrar. Outros para ela se largar, a queda não havia de ser brusca. A criança era confusa à opinião. Era abandalhada pelas penas. Sempre alimentara ela o bico aos demais, sempre saciara a sede das pobres aves, que agora não se lembram de se juntar e de o agarrar como uma concha. O ar estava solto. A brisa era brusca. Os ramos abanavam sem vim, quebram-se todos, menos o do menino. Esse ficara preso à árvore. Mas não tardara em se entregar ao vento que o queria levar. O crepúsculo da Primavera chegara. O ramo voa onde o prediz ainda mantém com força as mãos seguradas. Ele acaba por voar, ninguém mais o vê, ele é levado pela grande velocidade do ar para a longitude. Todos regressam aos seus casulos. Tudo volta ao normal. O menino vai. Havia quem ficasse com saudades do menino, havia quem se tivesse libertado da pedra que ele lhes era. Por fim, aquela Primavera fica na memória de todos. E com todos a Primavera se manteve. Com dias depois chegara a par do ramo partido a carta de despedida do menino. "Talvez - penso - não possa dizer que fora todo um desperdício. Conhecera novos seres, vi lá reflectido o bem e o mal, vi empregue toda a sociedade, vi a tal hipocrisia, vi derretidos aqueles que só querem gerar confusões. Mas não se me fica a alma pelo mal, vi quem quisesse o bem estar de todos, vi quem tivesse rosto de mau com doce coração. Vi ... vi andorinhas, vi gaios, vi águias, vi cegonhas, vi todo um bando, num todo exímio espaço. O fim da jornada no voar terminara amigos. E o fim da carta de igual forma com despedida de fortes beijos e abraços. Do vosso menino, para vós seres do ar!"

        sábado, 12 de abril de 2014

        Quero & Quero-Te!

                                                                                                                    Quero                 quero
                                                                                  Sempre fora        meu cogitar
                                                                                  escrever como um pássaro livre no voar,
                                                                                     e com um pássaro ser o teu e meu eterno amar!  
                                                                                   Há rotinas que sempre podem mudar
                                                                                    mas esta minha forma de pensar 
                                                                                  é já algum título a memorizar
                                                                                   que sempre me faz lembrar
                                                                                    da melhor forma 
                                                                                      de me 
                                                                                           a    
                                                                                          p    
                                                                                             e   
                                                                                               r   
                                                                                           f   
                                                                                                 e    
                                                                                              i
                                                                                     Quero ...                                       ç
                                                                      Sempre fora meu chamar                     o
                                                      escrever devagar o que nunca é de apressar      a   
                                          e com isso nunca querer-me imaginar sem te abraçar! r
                                                       Há dias que sempre podem se apagar
                                                       mas esta minha vontade de te apertar
                                                           é facto que jamais aquém irá ficar
                                                               que nunca faz querer acelerar
                                                                     dos momentos contigo
                                                                                a presenciar

          Q       u       e       r       o       -       T       e       !

          Notas: É de salientar as formas presentes no poema: 1ª estrofe - balão em formato de coração com um fio que acaba por se ligar à 2ª estrofe - pessoa forte a abraçar.

          sábado, 5 de abril de 2014

          O Primaveril Repouso

             

            É
            Na penumbra do Sol
            Pelo circundante das cravinas
            No pousar do pássaro 
            Pela minha leve e doce mão
            Na bela infinita aragem
            Pela soturnidade do exímio espaço
            É 
            Que eu mal me abraço
            Numa vigorosa aterragem
            Que eu ganho uma tal afeição
            Numa estória como Ícaro
            Que o espírito adormece sobrotinas
            Numa tal cidade de só girassol
            É
            Com um pequeno e fino anzol
            Onde o prego se fica às clementinas
            Com um bugalho vasto e raro
            Onde se vive como ninfa de Aragão
            Com as vestes repletas de coragem
            Onde se ficam pela Natureza em pedaço
            É
            Quando o belo amasso de argaço
            Se me faz a boa parte de clonagem
            Quando a maresia está em adversão
            Se me corre a ti a alma como amparo
            Quando tu me cobres de cetinas
            Se me eu vejo o tal farol (de Sol)
            É.

            Nota: É de salientar:
            Esquema rimático: ABCDEF FEDCBA ABCDEF FEDCBA
            Aliteração: N, P, Q, C, O, S
            Fotografia: Própria autoria
            Revelo que poder-se-á ler o poema numa bela leitura de quadras emparelhadas, como aparece de seguida:

            É
            Na penumbra do Sol
            Numa tal cidade de só girassol
            Com um pequeno e fino anzol
            Se me eu vejo o tal farol (de Sol)
            É
            Pelo circundante das cravinas
            Que o espírito adormece sobrotinas
            Onde o prego se fica às clementinas
            Quando tu me cobres de cetinas
            É
            No pousar do pássaro
            Numa estória como Ícaro
            Com um bugalho vasto e raro
            Se me corre a ti a alma como amparo
            É
            Pela minha leve e doce mão
            Que eu ganho uma tal afeição
            Onde se vive como ninfa de Aragão
            Quando a maresia está em adversão
            É
            Na bela infinita aragem
            Numa vigorosa aterragem
            Com as vestes repletas de coragem
            Se me faz a boa parte de clonagem
            É
            Pela soturnidade do exímio espaço
            Que eu mal me abraço
            Onde se ficam pela Natureza em pedaço
            Quando o belo amasso de argaço
            É.