quarta-feira, 30 de julho de 2014

Dia de luar

      

      As pessoas vacilam a calçada. Tudo e todos parecem estar no primoroso ritmo, eutimia e serenidade, tal aquela imensidão do luar livresco e que ali aparenta-se firmar. Há momentos em que o diagnóstico é incongruente e arruinado. Há tempos que a luz penetra os olhos e a alma alumia-se. À verdade, o esquecimento prematuro, aquele por quem se auto-convida a entrar sem sair, aquele que volta e se apodera.   Vivo como qualquer um labiríntico mas débil individuo. Consigo subsistir a felicidade como uma água numa taça cristalina ... singelo ronco todo estrondo. Lembranças egocêntricas, das vezes e vezes que havia esmorecido aos teus pés, da inversa verdade ... das limitações do forte, da guerra do fraco.
      Olhos que tentam ver-te sem te ter. Lágrimas que tentam chorar por te falhar. Em cada detalhe uma vultosa estória. Em cada ápice avultadas vivências. Nebulosidade, sol, trovão! Num filme um luar, e num luar as estrelas culpadas. Eu vivo e habito, patenteio-te e enfraquece-me a alma. Fraquejo da vida, e, por isso, sinto-me como daqueles que coabitam com angustia e a melancólica alegria, com o esquecimento que jamais será efémero, que alivia, mas num sempre ... volta.
      Numa sombra vagueia a tua luz, e, com o nunca esquecer do querer viver, nós nos completamos!

    quinta-feira, 24 de julho de 2014

    O dito por dizer das palavras por viver

      Tudo o que vivo e que me oiço
      Fica pelas derramadas de seu tempo
      Ficando e ficou datado como louco
      A par da infelicidade a sempre meu detento

      O nojo que se me fica
      E as sementes que não se querem lavrar
      No local que minha alma se aloja
      N'aquele pendor a quem é clamar

      Mar salgado que não se adoça
      Olhos sem se quererem cessar
      O adiar sobe o adia
      Do que era para terminar

      A flor que não nasce na pedra
      O livro que estória não tem acabar
      O tunel sombrio que estático se fica
      O Ilídio que não tem horas de apressar

      A luz fechada que não se abre
      O viver de que não é querer morrer
      Vontades e pensamentos entre
      É tudo o que se me finita a escrever.