sábado, 27 de junho de 2015

Girassol de Hoje


    Hoje faz-se-me alegrar a alma
    não pelo feito que faz-se todos os feitos
    antes a crer nos olhares do querer como girassol.

    domingo, 14 de junho de 2015

    Cantigas de Irmão


      Por vezes, chego-me a pensar ... 
      Camões, grande poeta lusitano,
      escrevia sobre o heróico, o reino, a pátria. 
      E a mim ...
       que quanta pouca vontade me cabe 
      em cair caneta nesses cantares.
      Penso que é ... 
      por ser o pouco, o singelo rapaz do povo,
      é verdade. 

      Todavia ...
       cabe-me vontade maior em
      cantar os poucos como eu,
      pintar os pequenos achares da vida,
      fotografar os passos acostumados,
      proclamar, nem que valha só a mim, 
      as injustiças e os meus sentimentos,
      fazer da poesia a pureza,
      aprisionar o meu humano insensato
      e libertar em toda a parte 
      as débeis palavras das crianças
      e dos piedosos que nem esmola para minhas palavras,
      longe de mim ela, pois faço-o sem cota
      e faço-o ...
      porque sóis meus irmãos!

      quarta-feira, 10 de junho de 2015

      Suspiro de Amigo


        Como posso amar algo morto e que nunca toquei?

        Talvez ...
        pela primeira troca de olhares,
        pela fragilidade do corpo
        perante a dor que bate sem pedido,
        e, porque ...
        a pena do Porquê não basta.

        Talvez,
        pela meia vez que acreditamos,
         pela debilidade dos sentimentos
        perante a alegria que deixa,
        e, embora ...
        a nossa vontade, vai Embora. 

        Talvez ...
        pelo último suspiro doloroso,
        pelas vezes que rezamos
        perante o bicho que nos morre apesar,
        e, além disso ...
        o quedo Além que leva.

        domingo, 7 de junho de 2015

        No More War


          A GUERRA

          (0:13)
          Soam os tambores
          as pedras desenterram-se do solo
          a ver ao que tanto chega
          aquilo que ainda mal chegou ...

          (0:24)
          As lágrimas caem
          e as almas partem,
          os rios secam
          e o sangue agitado morre.

          (0:35) (apressa-se a melodia)
          Não deixa de me chocar ...
          ouvir a toda a hora falar de guerras,
          é daquelas poucas coisas
          que se ouve a todo o momento
          e a todo o momento me cansa.
          Como é possível tudo isso ainda existir?
          Há quem as ache de tempos passados,
          mas bem que 2003 ...
          oh 2003, quantas mataste?!

          (0:55) (apressa-se o ritmo)
          Quantas em nome da falsa paz daqueles que a declararam?!
          Não interessa saber de quem a culpa
          quem sabe ela não tem voz para o dizer,
          a voz está morta.
          Enrouquece-me a cada minuto,
          pois cessam muitas das vozes que me ajudariam.
          Parece-me apenas que toda a gente
          julga a guerra como algo mau,
          mas não a detêm,
          pois sentem-se sem meios
          para parar tais acontecimentos!
          É o típico erro do Homem!
          Acham todos que malham em ferro frio,
          mas eles não são senão o frio do ferro dos poucos que malham.

          (1:16) (melodia acalma)
          Eu nunca pensei que existisse a perfeição,
          mas, sabem ...
          afinal existe o erro perfeito em torno de armas, bombas e mortes.
          Tal como o infinito,
          a infinita dor dos meus irmãos e que por tudo isso me perece a alma.
          Falta de vontade, de força, de alegria.
          Falta de sermos nós o Outro!

          Eu, eu estou pronto para a brecha da luta,*
          pela paz, 
          de baralhar em palavras as cobertas dos adormecidos, 
          de lhes oferecer uma chave de braço,** 
          eu terço as armas, 
          não as minhas,
           tento as de todas as crianças inocentes. 
          É engraçado como nisto ninguém quer apanhar boleia!
          Será um carrosel avariado e sem fundo? 

          Eu não sei, 
          eu somente tenho fé e esperança, 
          alimentada pela vida e sorriso delas, 
          que tudo pode melhorar. 

          (1:58) (Muda a melodia, apressada)
          Tanto é o sangue
          que corre nos rios e pouco aquele
          que nos corre quente.
          Tantos são os confeitos
          que nem os rostos se conhecem de uma mãe
          que pedaços parecem pedras.
          Tantas são as máquinas estranhas dali
          que quase é tanto como o meu sonho
          que tanto parece exterior a este universo.

          (2:09)
          Eu tenho um nome para tudo isto, além de massacre, vingança, dispustas e mais lutas, é apenas o nome pelo qual mais rezo em todo o mundo, é o nome de cada criança inocente, das birras dos adultos, é a paz prezada por não sei quantos - ainda poucos - pensadores. Há quem se atreva a dizer – riso – que mataria todos aqueles soldados com uma só bofetada – riso – esses são – não querendo fazer crítica maliciosa – aqueles que ficam durante tardes sentados no sofá. Eu não deixo talvez de ser um desses do achonchego, eu apenas tento, e tento realmente agir, não em pensamentos nem em confusões, antes em palavras verdadeiramente proferidas.

          (2:39)
          Tudo o que vejo neste momento é o “Grito” de Munch. Manifesto-me cantando “Imagine” de Lennon, e mais do que isso quero fazer consciencializar. Eu questiono-me sempre ... não passo de um Homem.

          (2:50)
          Quem acha que a guerra
          se mata com mais guerra
          é pior do que quem a começa,
          se bem que ...
          pior do pior já nem eu sei o que é!
          Oh! Diariamente,
          vertem-se-me tantas lágrimas por quantas crianças mortas!

          (3:00)
          A inutilidade dos tempos fez tornarem-se virais
          acontecimentos como a cor de vestidos
          e esquisitices parvas de fantasmas.
          Os fantasmas são aqueles que
          nos rodeiam,
          nos veem,
          e que nós não olhamos;
          quanto aos vestidos,
          esses são da cor suja
          do chão atulhado de balas.
          E se essas balas dessem pão a quantos fiéis,
          o que seria da fome
          senão só a minha fome de espírito!
          Que sonho, dos mais sonhos, sem quantas palavras!
          E eu ... falo de crianças ...
          como se todos fossemos elas.
          Este seria um mundo de ventura!
          Cada guerra mata mil corpos
          Dos quais saem almas que colho.
          Espero ter em mim força das mil mortes de segundos.

          (3:42)
          Quebraram a máquina de escrever da vizinha
          que apenas redigia a carta de despedida ao filho que foi ao rio beber.
          Quebraram quadros para fingir não haver recordações da morte.
          Quebraram mulheres que em último viam os maridos matando-se a protegê-las.
          Violaram os direitos, e fizeram do seu “dever” o mais horrível do enlace do Inferno.

          (4:03)
          Quero nem que seja um renascimento em mim
          e dos poucos que me rodeiam,
          não vejo missão inicial além disso,
          tal como a flor nasce
          durante sóis e luas
          e a raiz cava fluidamente o solo do bom fruto.

          (4:24)
          As flores nestes instantes murcham,
          as árvores de sustento se deixam de sustentar,
          as folhas nem têm tempo de cair
          pois o tronco já caiu,
          a terra adubada de maldade
          acolhe agora os ossos partidos da iniquidade.***
          O vento limita-se a nem aparecer
          e a chuva perde tanta força que nem chora.
          E eu ... fico aqui ...
          tentando dar olhos a quem os não tem
          e sentindo o que em segundos estas vítimas não chegaram a sofrer,
          não arrependido,
          mas morto pela vida.