terça-feira, 11 de março de 2014

Sinistro Sol

      
      Sete horas da manhã, havia logo a intuição que aquele seria um exemplar dia de verão no inverno. Estava calor, o sol era vão, límpido, exímio e radiante. À semelhança estava um jovem rapaz que acordara como num dia rotineiro que se difere. Era a luz que se fazia lá fora que o apartava de outros dias? Era o alcatrão que havia sido posto naquela noite? Os pássaros na espreita das belas ramagens por nascer das árvores? Talvez não. Não sei. 
      Só para já além da matina é que foi possível se aperceber que era todo e um disfarce. Sinistramente, vê-se um entrar da desgraça na vida do menino. Era um todavia, um só que para aquele dia não se ser perfeito considerado. Agora no seu olhar moço era carregada a melancolia, a mágoa. Um maculado ser. Era uma toda indiferença estúpida de um olhar cego à alegria, da vitalidade agora dum corpo defunto, o ar indolente dos piores se me vistos, séculos passados em vão, e em vão com um grito do seu peito! Dos seus brados ouve-se apenas o eco, torce-se os braços e os dedos duma angústia tal ... Só na terra, no mar e no céu. Já não se vela como de costume aquele seu lindo esquife, descolorou-se a sua cor. 
      Era o vento dentro dele, impossível de se expelir. Um verme frio congelava toda a sua alma, varria-lhe toda a sua antes vontade. É esta uma sombria análise de assustar o susto. Já não se ouve os cantares das aves, passou-se a estrondo, e, na podridão daquele embrulho hediondo, reconhece ele o seu Destino. Partira-se o cristal, que era tudo do que ele se construíra nos poucos anos que vivera. Havia ele feito numa eternidade uns riscos de vida, onde agora no fim estava escrito um "NÃO". Em cacos.

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