domingo, 20 de abril de 2014

Recordações do Avô

      
      Meu querido avô,
      Amaina a folha da árvore, voa pelo vento, vai alto, sobe de veloz, sem deixar lembrete, sem avisar, fora embora, antecipara a hora, voa sem continuação, sem desprezo, sem aselo.
      Denoto na folha o sentido a ti, deixas-te todas e umas saudades empregues no rosto de quem sempre te amou. Fora este o pacto implícito que rompeste, e, sem te despedires foste embora.
      Sinto-me nostálgico, ao passado, entre nós, vivido. Lembro-me das festas que sempre partilhaste com alegria, com um sorriso no rosto. Lembro-me de jogares sueca no Natal. Lembro-me de jantar à mesa contigo e de fazeres cara torcida às minhas brincadeiras de criança, do meu não querer comer. Lembro-me dos pequenos folares que me davas nesta altura, e que guardara para agora sempre me recordar de ti. Lembro-me de dizeres sempre para os comer, mas patenteio neles agora um sentimento tal! Uma doce ternura, um bom carinho, resguardo a felicidade.
      Não te quis olhar, espero que não tomes isso como aquelas mágoas que por ti fico, apenas é meu querer guardar de ti as melhores faces, as melhores emotividades.
      Ainda é-me confusa a tua partida, para aquele lugar distante. Estarás lá num abandono circundante da família, dos teus entes. Espero que sempre me defendas daí. Que nunca penses mal das atitudes que faço. Espero que sempre me guies pelo melhor caminho. Que nunca abandones o meu coração. Que nunca me tirem as melhores lembranças que de ti tenho. Quero guardá-las, fechá-las, e, sempre, num pensamento ténue abri-las e lembrar-me.
      Queria-te agora poder abraçar, poder-te tocar, cumprimentar-te, por tantas vezes que fiz, e que agora, num outro olhar sinto saudades.
      Que neste dia de Ressurreição, em que tu sobes ao Céu como havia Jesus Cristo na sua altura, espero que não te seja doloroso deixar-nos. Espero que estejas bem, e onde quer que estejas, digo-te apenas que terei sempre um implícito pensamento assente em ti.
      Obrigado por toda a tua participação na minha vida. Obrigado por tudo o que me ofereceste, por tudo que nos presenteaste. Muito obrigado, avô!
      Um grande beijo, do teu sempre e eterno neto, André.

    1 comentário:

    1. Está um texto lindo, André, e que especialmente me agrada e entendo. E a imagem que complementa o texto é igualmente fantástica! Sinto-me feliz por tê-lo lido e poder compreender melhor aquilo que passaste e inda passas. Obrigada!

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